segunda-feira, 30 de março de 2009

Nariz Empinado!

Você pesquisa muito, estuda em boas escolas e vara a noite repassando o que aprendeu. Nada demais, é apenas a sua obrigação. Entretanto mesmo um jovem produz coisas interessantes que faz questão de dividir com parentes e amigos; Porém na maioria das vezes isso se transforma em frustração.
Sua irmãzinha não consegue entender as suas colocações metafóricas, enquanto seu irmão “nem ai está,” com nada; Normal, eles são muito pequenos ainda; Já a sua mãe até lê, mas acha ininteligível e o seu pai nem tempo lhe permite emprestar, quiçá corra mundo e nem junto mais possa ficar.
Os amigos lhe comparam a ETs assim que lhes mostra tais ensaios, outros mais nem há o que dizer. Se bem que essa gama nunca deveria ser escolhida como parâmetro, apesar de próximos mesmo alheios, não te criticarão para você; No máximo o farão por trás, sem a possibilidade de sua defesa.
Independente desse tratamento você supera as dificuldades e segue o teu caminho, seus textos formam-se contigo e ganham espaço, logo muitos se chegam, milhares te seguem. Somam-se fãs, críticos te apreciam e no pico dessa festa os mais próximos acordam. Questões comuns no ambiente familiar te são lançadas em teor de acusação, tais como: “Você é escritor e não dizia nada” ou “Não sabia que você fazia tanto sucesso.” Mais várias outras perguntas das quais nem me lembro.
Se antes, quando você precisava e implorava, no mínimo pedia e ninguém talvez poucos, te ouviam; Hoje a situação te é mais propícia e mesmo quem procura não curtir vaidade, empina sensivelmente o nariz. Ao menos é o que constatam!
E o bombardeio é muito rápido; Você vira um cara chato, arrogante, presunçoso! Enfim te acusam com dedo em riste de nariz empinado...
E quando você resolve sentir mea culpa acaba logo se desculpando pelo ocorrido anteriormente. Não existe remédio melhor. Sempre penso:
“É melhor não ter nunca razão e continuar feliz com os seus!”
Na próxima encarnação, se existir, tentarei não incorrer neste mesmo erro; Vou tentar me lembrar deste artigo ou procurá-lo se disponível estiver e distribuirei cópias aos meus, e tudo poderá sair melhor.
Não acredito que eu tenha mudado tanto, até acho que estou sempre aprendendo novas coisas. Ao menos é o meu constante desejo.
Por enquanto só fico remoendo...
“Por que não me disseram isto antes?”
Regis Copperfield
in Divagações Dementes – 1974

2 comentários:

Regis Copperfield disse...

Estou montando um novo escritório e nele vou inserir toda a minha coletânea de cadernos, agendas, textos, diários e artigos recortados de minha coleção, ao abrir uma dessas agendas pulou uma folha datilografada que logo percebi fazer parte de uma coluna no estilo haicai que eu escrevia num jornal da escola.
A pretensa “fama” referida é simplesmente um trabalho escolar que um professor levou para alguém e acabou dando margem a reportagem televisiva em que meu nome foi citado.
Nem me lembro de detalhes, mas achei interessante como esse texto me serve nesse momento em que as coisas estão semelhantes. Entretanto agora eu tenho esse post-desabafo que acho até esclarecedor.
Regis

Cáh disse...

Também acho esclarecedor..
Ninguem presta atenção na lagarta antes de virar borboleta, depois, fazem aquela cara de espanto como se fosse a coisa mais surpreendente do mundo!


Gostei do desabafo!

Beijos e boa semana